sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Carta aos professores...

Abaixo uma carta que recebi por email escrita pelo colega professor Madson Pardo seguidor do twitter, aos seus colegas professores que por vários motivos entre eles as ameaças do governo retornaram para a escola.

É uma carta que poderia ser direcionada a todos que estão pensando em voltar para a escola, antes da conquista do PISO.


" Caríssimos colegas da Escola Estadual Guimarães Rosa,

Entendo que cada um e uma tem sua realidade. Entendo que cada um e uma tem suas convicções. Entendo até mesmo que cada um ou uma possa sequer ter convicções. Mas não entendo que num momento tão importante de nossa categoria haja silêncio. Vivemos uma ditadura em Minas Gerais. Uma ditadura que avilta todo aquele que se opõe ao discurso dominante. Quem cala consente, já diz o velho ditado. Quem silencia diz que está tudo bem. Diz que podem pisar, humilhar, que tudo aceita. Pois é isso que o governo de Minas está fazendo com nós, educadores. O governo pisa, humilha, mente, joga a sociedade contra nossa categoria. Os guerreiros professores que lutam pelos NOSSOS direitos são baderneiros, descumpridores de determinações judiciais. Ora, quem descumpre decisões, caros colegas? Temos uma lei federal (11.738) que foi sancionada pelo querido presidente Lula ainda em 2008. O que recebemos? Um malabarismo jurídico impetrado pelo (pseudo) professor Anastasia. Sim, professor, cria da "vetusta casa de Afonso Pena", faculdade de Direito da UFMG, casa que tenho frequentado nos últimos semestres. Pois até lá, caros colegas, tenho visto mobilização de apoio ao NOSSO movimento. Acompanhei na última terça uma passeata pelos nossos direitos. Alunos da faculdade de direito, das licenciaturas, da medicina, até mesmo das engenharias, alunos que nada tinha a ver com o nosso salário se manifestando pelo NOSSO direito. Vi também estudantes secundaristas. Muitos. Muitos de escolas públicas, como a que lecionamos. Muitos há mais de 100 dias sem aulas, mas que não abaixaram a cabeça, que não se resignaram. Que acreditam que é possível construir um futuro mais digno e justo. E querem, como toda a energia que falta a muitos de nós, fazer parte da construção desse futuro.

Escrevo essa carta, caros colegas, para dizer que temos colegas fazendo greve de fome. Colegas acampados na Assembléia Legislativa. Colegas sem salários há três meses. Colegas que lutam por um direito que não é só deles. É NOSSO! Não lutamos por nada mais que o cumprimento de uma lei. Apenas isso. Queremos que se cumpra uma lei em Minas. Uma lei que diz que o magistério tem um piso. Um piso que deve ser respeitado. Se fosse uma lei que aumentasse o salário dos deputados, seria cumprida na hora. Mas estamos falando de uma lei que diz que nenhum professor no Brasil possa receber menos que o prescrito. Lutamos por isso, somente isso, apenas isso.

Colegas, não sei o que cada um de vocês pensa. Respeito cada um e cada opinião. Mas gostaria de dizer que, quem acredita que essa luta é justa, quem acredita que somos humilhados por esse governo despótico, quem entende que um piso de mil e poucos reais é o mínimo do que merecemos, que repense as últimas decisões. Greve não é oba-oba. Não é recesso ou férias. Greve é luta por dignidade. É luta por reconhecimento. É luta, sobretudo, por direitos.

Caros colegas da Escola Estadual Guimarães Rosa, peço-lhes que cada um coloque a mão na consciência. Temos colegas, nesse momento, privados de se alimentar. Sim, por decisão própria, mas pela NOSSA causa. Temos, nesse momento, colegas dormindo ao relento na Assembléia Legislativa. Sim, também por decisão própria, mas pela NOSSA causa. Temos colegas designados aceitando o risco de serem demitidos, mas firmes na luta. Sim, vocês tem razão, por decisão própria, mas pela NOSSA causa. Peço-lhes que repensem a postura. O que de fato vale a pena? Que lição estamos passando aos nossos alunos? A de covardes que temem por qualquer ameaça despótica? Que lição de cidadania temos a passar aos nossos alunos? A de resignados? A de que não vale a pena lutar? A de que se contentem com sua condição social? A de que aceitem todo tipo de humilhação e abaixem a cabeça? Não, acho que temos muito mais a ensinar. Acho que nossa missão vai muito além dos conteúdos dos livros didáticos, PCN's ou o que o valha.

Deixo, por fim, as palavras do Frei Gilvander, quando - na última assembléia - 10.000 vozes gritavam em uníssono: FORA ANASTASIA! FORA DITADOR! Frei Gilvander, em sua simplicidade e sabedoria disse: "o que vocês estão estão fazendo é uma verdadeira oração". Oremos!

Madson



Professores fazem manifestação na porta do Ministério Público de Minas Gerais
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2011/09/23/interna_gerais,252280/professores-fazem-manifestacao-na-porta-do-ministerio-publico-de-minas-gerais.shtml?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter


Comentários:

Leandro Azevedo disse...

Querida colega Cris.
Meu nome é Leandro Azevedo, sou professor de História no IEMG designado com contrato até 31/12/11. eu não retornei para escola mesmo depois das ameaças do governo. tenho um filho de 3 meses para criar e estou sem sálario a 3 meses. Podem me matar, me tirar o emprego, podem me substituir, me mandar embora , me ameaçar, mais a minha alma esse Demônio do Anastásia não compra.

Vergonhoso é a permanencia dos senhores e senhoras "professores" que INSISTEM em permanecer dentro de sala de aula em pleno estado de Greve e em tempos de Guerra.

Estamos trabalhando forte pela aplicação da Lei do Piso Nacional da Educação nesse Estado.

Muitos de nós estão em Greve de fome, acorrentados e dormindo nas entradas de garagem da Assembléia Legislativa de MG e na porta dos gabinetes dos Deputados Estaduais.

Como diria o nosso EX: vice-presidente da República José Alencar, o cancer pode me tirar a vida, mais jamais a minha HONRA.

Sou verdadeiramente PROFESSOR DE HISTÓRIA DO IEMG com muito orgulho e muita HONRA.

Vou lutar pelo meu filho, pelos meus alunos e pelos verdadeiros professores e professoras desse Estado de Minas Gerais.

FAÇO MINHAS AS PALAVRAS DE Martin Luther King


O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.
Martin Luther King

"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons."
Martin Luther King

Se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver.
Martin Luther King

No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.
Martin Luther King

É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver
Martin Luther King

Alberto Bouchardet disse...


Deixei de lecionar ainda no (des)governo Azeredo. Foram oito anos lecionando para o 2º grau em escolas estaduais e 2 anos na Unimontes _ Universidade Estadual de Montes Claros. Me encontro desempregado e me recuso a voltar as salas de aula nesse momento em que guerreiros e querreiras lutam pela educação.Repudio os que, egoistamente, se aproveitam da situação para iniciar na profissão. Serão pessimos colegas e nunca educadores.
Saúde e força aos batalhadores.Sucesso e beijos nos corações...

Cristina Costa disse...

Fico até emocionada ao ler os depoimentos dos dois colegas acima:
*** Lenadro AzevedO nos mostrando que não podemos desistir de uma luta quando esta é justa e legítima!!Mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos.

*** Alberto Bouchardet por nos mostrar a postura do verdadeiro educador!!
Professor que é realmente educador, que se preocupa com a educação, não se presta a este papel de substituir professores em greve, em luta de direitos conquistados através da lei.

Infelizmente, tem pessoas que estão iguais "urubus na carniça" atrás de vagas de professores que estão lutando pela carreira de todos na educação.Esta não é a melhor maneira de se entrar para uma sala de aula e eu, também,assim como você Alberto, repudio.

Portanto, colegas, vamos reunir nossas forças para continuarmos lutando agora, não só pelo cumprimento da lei mas também pela preservação da nossa carreira e nossa dignidade!!

Vocês já pensaram por que até hoje o ação entrada pelo sindicato não foi julgada???Quando o governo entrou,de um dia para o outro foi julgada. E a nossa?? Disseram até que não tinha sido protocolada???Por que tanta demora????

Porque nossa reivindicação é justa, é legal e eles estão dando mais um tempo para o governo nos massacrar mais ainda e enfraquecer o movimento. Não podemos cair neste jogo, temos inteligência e sabemos que não estamos sendo arbitrários!!

Que Deus continue nos dando sabedoria e discernimento e disposição para a luta.

Que Deus continue abençoando nossos colegas e irmãos Marilda e Abdon em greve de fome há 4 dias. Tenho certeza que a maior fome que eles estão sentindo é a JUSTIÇA!!!!

Força na luta!!!



Anônimo disse...

Fechou com chave de ouro colega!

Anônimo disse...

Estou muito triste e angustiado com essa situação, já enfrentei aqui em Ipatinga 60 dias de greve q foi literalmente diluída pelo Ministério Público, em razão de um juiz ter declarado a greve ilegal. Agora vejo no estado a mesma situação. Sou professor a 13 anos e estou perdendo as esperanças. Porque só neste país que quem cobra o cumprimento de uma lei está na ilegalidade, quem não cumpre a lei está sendo beneficiado. Que país é este meu povo. Somos bravos e guerreiros, mas do jeito que a coisa vai, estou vendo a profissão de professor ser extinta. Não há ninguém que queira ingressar numa carreira onde não há valorização e respeito. Tô cansado, mas não cessarei de lutar. Força meu Povo #foraanastasia

Anônimo disse...

Cris,
A Marilda e o Abdon precisam parar com essa greve de fome, senão, vão morrer e o desgovernador ainda vai rir, tamanha a falta de humanidade e sensibilidade dele.
Penso que só venceremos se a Presidenta, o Senado, a tal Comissão de Brasília, enfim, alguém superior a esse ditador, o obrigue a nos pagar o Piso, do contrário, nada feito.

Fantasias da Bernadete disse...

Gostaria de pedir licença ao Sr. Madson e ao Sr.Leandro Azevedo para postar suas cartas em meu blog, para quando acabar esse movimento, mostrar aos meus alunos o quanto todos nós sofremos e lutamos por uma causa justa.
Obrigada a vocês dois por essas suas cartas maravilhosas.
Bêe!!!

7 comentários:

  1. Querida colega Cris.
    Meu nome é Leandro Azevedo, sou professor de História no IEMG designado com contrato até 31/12/11. eu não retornei para escola mesmo depois das ameaças do governo. tenho um filho de 3 meses para criar e estou sem sálario a 3 meses. Podem me matar, me tirar o emprego, podem me substituir, me mandar embora , me ameaçar, mais a minha alma esse Demônio do Anastásia não compra.

    Vergonhoso é a permanencia dos senhores e senhoras "professores" que INSISTEM em permanecer dentro de sala de aula em pleno estado de Greve e em tempos de Guerra.

    Estamos trabalhando forte pela aplicação da Lei do Piso Nacional da Educação nesse Estado.

    Muitos de nós estão em Greve de fome, acorrentados e dormindo nas entradas de garagem da Assembléia Legislativa de MG e na porta dos gabinetes dos Deputados Estaduais.

    Como diria o nosso EX: vice-presidente da República José Alencar, o cancer pode me tirar a vida, mais jamais a minha HONRA.

    Sou verdadeiramente PROFESSOR DE HISTÓRIA DO IEMG com muito orgulho e muita HONRA.

    Vou lutar pelo meu filho, pelos meus alunos e pelos verdadeiros professores e professoras desse Estado de Minas Gerais.

    FAÇO MINHAS AS PALAVRAS DE Martin Luther King


    O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.
    Martin Luther King

    "O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons."
    Martin Luther King

    Se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver.
    Martin Luther King

    No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.
    Martin Luther King

    É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
    É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.
    Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.
    Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver
    Martin Luther King

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  2. Deixei de lecionar ainda no (des)governo Azeredo. Foram oito anos lecionando para o 2º grau em escolas estaduais e 2 anos na Unimontes _ Universidade Estadual de Montes Claros. Me encontro desempregado e me recuso a voltar as salas de aula nesse momento em que guerreiros e querreiras lutam pela educação.Repudio os que, egoistamente, se aproveitam da situação para iniciar na profissão. Serão pessimos colegas e nunca educadores.
    Saúde e força aos batalhadores.Sucesso e beijos nos corações...

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  3. fico até emocionada ao ler os depoimentos dos dois colegas acima:
    *** Lenadro AzevedO nos mostrando que não podemos desistir de uma luta quando esta é justa e legítima!!Mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos.

    *** Alberto Bouchardet por nos mostrar a postura do verdadeiro educador!!
    Professor que é realmente educador, que se preocupa com a educação, não se presta a este papel de substituir professores em greve, em luta de direitos conquistados através da lei.

    Infelizmente, tem pessoas que estão iguais "urubus na carniça" atrás de vagas de professores que estão lutando pela carreira de todos na educação.Esta não é a melhor maneira de se entrar para uma sala de aula e eu, também,assim como você Alberto, repudio.

    Portanto, colegas, vamos reunir nossas forças para continuarmos lutando agora, não só pelo cumprimento da lei mas também pela preservação da nossa carreira e nossa dignidade!!

    Vocês já pensaram por que até hoje o ação entrada pelo sindicato não foi julgada???Quando o governo entrou,de um dia para o outro foi julgada. E a nossa?? Disseram até que não tinha sido protocolada???Por que tanta demora????

    Porque nossa reivindicação é justa, é legal e eles estão dando mais um tempo para o governo nos massacrar mais ainda e enfraquecer o movimento. Não podemos cair neste jogo, temos inteligência e sabemos que não estamos sendo arbitrários!!

    Que Deus continue nos sabedoria e discernimento e disposição para a luta.

    Que Deus continue abençoando nossos colegas e irmãos Marilda e Abdon em greve de fome há 4 dias. Tenho certeza que a maior fome que eles estão sentindo é a JUSTIÇA!!!!

    Força na luta!!!

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  4. Fechou com chave de ouro colega!

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  5. Estou muito triste e angustiado com essa situação, já enfrentei aqui em Ipatinga 60 dias de greve q foi literalmente diluída pelo Ministério Público, em razão de um juiz ter declarado a greve ilegal. Agora vejo no estado a mesma situação. Sou professor a 13 anos e estou perdendo as esperanças. Porque só neste país que quem cobra o cumprimento de uma lei está na ilegalidade, quem não cumpre a lei está sendo beneficiado. Que país é este meu povo. Somos bravos e guerreiros, mas do jeito que a coisa vai, estou vendo a profissão de professor ser extinta. Não há ninguém que queira ingressar numa carreira onde não há valorização e respeito. Tô cansado, mas não cessarei de lutar. Força meu Povo #foraanastasia

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  6. Cris,
    A Marilda e o Abdon precisam parar com essa greve de fome, senão, vão morrer e o desgovernador ainda vai rir, tamanha a falta de humanidade e sensibilidade dele.
    Penso que só venceremos se a Presidenta, o Senado, a tal Comissão de Brasília, enfim, alguém superior a esse ditador, o obrigue a nos pagar o Piso, do contrário, nada feito.

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  7. Gostaria de pedir licença ao Sr. Madson e ao Sr.Leandro Azevedo para postar suas cartas em meu blog, para quando acabar esse movimento, mostrar aos meus alunos o quanto todos nós sofremos e lutamos por uma causa justa.
    Obrigada a vocês dois por essas suas cartas maravilhosas.
    Bêe!!!

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